A banda de rock palavrantiga concedeu uma entrevista para o portal de conteúdo artistico e cultural da livraria saraiva e o CULTH2O reproduz a mesma aqui em nosso blog, porque Palavrantiga é positive!
Apesar de falarem de fé e Deus em suas canções, o conjunto não se rotula de gospel. Eles se dizem defensores da mistura musical, da invenção e da provocação, fazendo um som que denominam simplesmente “rock brasileiro”.
Para eles, todas as músicas têm rock, seja na mescla ou na sobreposição de texturas e variantes. O repertório da banda é influenciado por artistas distintos, desde Jorge Ben, passando por Kings of Leon e The Killers, até chegar ao reggae do Groundation.
Depois do disco Esperar é Caminhar (2010), o grupo lançou recentemente o CD Sobre o Mesmo Chão. O novo trabalho conta com composições próprias.
Em bate-papo com o SaraivaConteúdo, Marcos Almeida relembrou o início do Palavrantiga. Ele também comentou sobre a relação do rock com a fé e falou do novo disco.
Desde muito jovens vocês têm ligação com a música. Havia relação direta e afinidade com o rock?
Marcos Almeida. Sim, desde cedo temos essa ligação com a música e com o rock! Nos encontramos depois da adolescência. Aconteceu nos anos 90, que para nós, foi muito regado a rock nacional. Legião Urbana, Titãs, Raimundos, Charlie Brown, e as gringas Nirvana e Pearl Jam. Nas rodinhas de violão não podiam faltar esses caras. Quem ampliou nosso vocabulário musical foi o rádio que os nossos pais ouviam, o louvor da Igreja e a convivência com outros músicos.
No trabalho da banda, o rock está diretamente ligado à fé e aos elementos cristãos. Como é trabalhar com essa relação?
Marcos Almeida. Não existe canção que não seja também um tipo de confissão de fé. O compositor, diante do público, está despindo as coisas, cobrindo outras, sempre confessando seu ponto de vista, dizendo no que crê e no que deixa de crer. A fé, para nós, não é um adereço ou item isolado. Ela é raiz. Ela é que explica o mundo. É natural pensar que essa fé não trata apenas de assuntos eclesiásticos, mas é a explicação da vida, nos ajuda a olhar a rua, o mercado, o palco, enfim, tudo que cabe dentro da vida.
Vocês acham que existe a necessidade de classificar o estilo de uma banda? Hoje, isso é realmente importante?
Marcos Almeida. “Identidade é uma cidade que mora dentro de nós”, falou outro dia o Ronaldo Fraga, citando o estilista japonês Yohji Yamamoto. Da mesma forma, [isso] acontece com uma banda. Quando anunciamos “banda brasileira de rock”, estamos fotografando o nosso cartão postal, a avenida mais importante. Mas existem outras ruas legais. O morro do samba, a praça dos hinos, a alameda do reggae. É importante ter um nome para a sua cidade.
Como fazem para não transformarem o palco de vocês em um púlpito?
Marcos Almeida. O púlpito é para a pregação do Evangelho. É do púlpito que ouvimos algo tão forte que parece nos ler a intimidade. Esse púlpito, de tantos formatos, é o lugar de onde ouvimos sobre como devemos viver a vida. Se parece com uma escola. O palco é para o espetáculo. Luz, cenário e música, tudo conta uma história sem obrigação de ser pedagógica. É o lugar da beleza sem legendas. Acho que tudo se conecta. Então, o palco não se opõe ao púlpito, eles estão ligados. O que tentamos fazer é não rebaixar um por causa outro.
O novo CD Sobre o Mesmo Chão acabou de ser lançado, com um rock um tanto poético e melancólico. Quais os principais diferenciais desse trabalho? O que o disco agregou de novo à banda?
Marcos Almeida. A oportunidade de falar de outros temas foi maravilhosa. Nesse disco, “Rio Torto” e “Minha Menina” agregam novos caminhos musicais e poéticos ao nosso repertório. A opção de trabalhar os efeitos e as texturas apenas com guitarras foi desafiador. Os arranjos de sopros enriqueceram demais o álbum. Posso falar também da harmonia e da rítmica brasileira, principalmente da tradição da bossa nova e do samba, e da ponte com o rock britânico, que tanto curtimos.
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O CD Sobre o Mesmo Chão conta com composições próprias
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Onde o Palavrantiga almeja chegar?
Marcos Almeida. Nosso sonho é criar uma música que se relacione intimamente com a vida que a gente vive. Que ao menos note este paradoxo que a vida é, sua finitude e simplicidade. A dor, a indignação e a lágrima misturadas com o sorriso e a esperança. Queremos achar o som e a palavra para isso tudo.
Fonte: Saraiva conteúdo
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